quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A cor da resistência

 
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A cor como elemento simbólico veio à tona esta semana na posse do primeiro presidente negro da história americana. Por ocasião do evento, os olhos voltaram se para a primeira dama norte americana Michelle Obama. Dona de uma personalidade marcante, ela é sempre vista vestindo cores saturadas. As mais marcantes foram o preto, o vermelho e o amarelo. (é a meu ver uma mulher de dose estética equilibrada). A cor amarela é a cor do movimento, do ritmo espacial, da riqueza, do otimismo. Embora em arte seja um tom fugidio, fraco ante a luz física (pois desbota com facilidade) o tom impressiona por sua preciosa carga luminosa. É um equilíbrio dos tons mais quentes se consideramos o vermelho e o laranja. Michelle Obama portava um reluzente vestido de renda amarela com um sobretudo que a protegia do frio. A cor caiu lhe bem na pele negra destacando a como primeira dama de uma grande potência econômica. Poderia aqui também relacionar a cor como um símbolo da resistência visto que, a história da luta racial nos EUA tem proporções muito diferentes do nosso país. O traje é clássico, como convém a todas as damas de cargo político ao redor do mundo (sejam primeira-ministra, presidentes, rainhas). Uma coisa que sempre me chamou a atenção é que as mulheres com cargos políticos importantes vestem se de cores sempre muito vivas em diversas ocasiões, basta observar: Já foi visto Lady Diana em vermelho, a Rainha Elizabeth em azul piscina e outros tons fortes, Margareth Thatcher em reluzentes conjuntos, a Rainha Silvia da Suécia em verde água embora o vermelho seja uma constante no guarda roupa de todas. Importante ressaltar a simbologia do vermelho como estável no espaço. Na cultura anglossaxônica o azul (blue), é uma cor da melancolia, vide expressões feeling blue ou o ritmo musical blues que tem narrativa melancólica, o oposto do momento passado na posse do presidente Barack Obama, que é de pura alegria e emoção. Entre o Brasil tropical e a herança Americana dos ingleses e Irlandeses, fica marcada essa disparidade da cor. O amarelo aqui torna se mais intenso por causa da nossa luz e “amarela” mais a miscigenação do brasileiro, embora não seja regra, já o azul traria um tonalidade menos excitante e mais integrada à paisagem. Para os americanos essa nova empreitada histórica representa o ouro.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Moda e Arte: Fronteiras

 

Cerâmica - reproduções de vestidos de alta costura /1999
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Considerando a moda uma categoria de si mesma (dotadas de seus arquétipos, alegorias, símbolos, utilidades e história) há nela também uma variante a ser considerada: A fronteira com a arte. É óbvio que a arte pode ser pode utilizar elementos da moda, mas por uma questão de princípios ela não vira moda. É sempre arte; já a moda quando utiliza as referências artísticas como formas de expressão, respeitando seus valores de forma x função, ela continua sendo moda, neste caso agregada de valores de outro segmento. Um editorial de moda bem feito serve como indicador desta fronteira. A situação proposta, o fotógrafo e seu talento, os valores plásticos empregados, fazem com que se isolarmos o resultado de uma revista ou catálogo, o resultado serve como um objeto de arte digno de museu, galeria ou contemplação de qualquer sorte. Algumas revistas embaçam esta visão, outras mostram claramente e conceitualmente as propostas mais enriquecedoras. Não é necessário citar os exemplos. O olhar sensível de qualquer espectador detecta esta diferença.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Moda e Arte

 

Xilogravura sobre papel/2001
 

Xilogravura sobre tecido/2001

No território das artes, a palavra devir, relata a negação de si na transição da história, nos estilos ou poéticas visuais. Esta expectativa quebra os códigos estéticos e morais. A arte renova-se do passado e pelo passado, nas releituras e pelos conceitos. Suscitando a presença do homem, ela (a arte) o torna mais interessante, mais revolucionário. O corpo arte, o espírito e sua aura feitos pelo homem e para o mundo.
No território da moda, lidamos com as mesmas releituras, contando as leituras da estação, das décadas, passíveis das suas reproduções. A moda não é revolucionária no sentido mais profundo. É apenas, hoje, uma promessa de beleza estética, uma promessa que se esvazia pela superficialidade, mas impregna no homem as ilusões de sedução e beleza. Diferente da arte, do universo macro e perene, a moda tem um valor comercial que faz com que seus valores simbólicos adquiram um nível de esgotamento. A moda é categoria de si mesma, não precisa ser arte. Precisa que seus valores de conteúdo e construção semióticos sejam admirados pelo que eles têm em propostas, sem a culpa inerente ao homem que não se resolve espiritualmente e nem materialmente. E como a roupa serve para vestir este corpo instável, a moda torna-se tão perecível quanto ele. Mas como o corpo, a moda não nega a sua história, suas tradições, segue junto. A sua construção e seu suporte, é a coisa única.


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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Cor e Cultura II

 

As relações sobre cores e culturas se aprofundam e para falar de duas cores ou sejam o preto e o branco, encontrei em Kandinsky: "falamos de "Branco" e "Preto" tão correntemente como de "dia" e "noite". Todavia, podemos descobrir aqui o parentesco profundo, portanto imediatamente perceptível, das duas cores - as duas significam silêncio, e a diferença profunda entre chineses e europeus revela-se de maneira gritante por esse exemplo. Os cristãos, após séculos de cristianismo, sentem a morte como um silêncio definitivo, que definirei como "um buraco sem fundo", enquanto os chineses, não-cristãos, consideram o silêncio a primeira etapa em direção a uma nova linguagem, que designarei como "nascimento".
(do livro: Ponto e LInha sobre o Plano - p.68)
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