quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O Desenho e a Moda

O artista plástico Britânico David Hockney escreveu o prefácio do livro “Fashion Drawing in Vogue” no qual ressalta o caráter peculiar do desenho de moda como uma representação bela e cheia de vitalidade. Como o livro compila as ilustrações da Revista Vogue desde sua criação - final do século XIX até os anos 80 - o artista se vale da observação do declínio que sofreu o mercado de ilustração de moda. Segundo a visão de Hockney, os anos 20, 30 e 40 foram os anos do apogeu deste tipo de produção artística e um declínio se verifica nos anos 80. Observa se neste período uma mudança na direção em que a moda se ocupa - manipulação do desejo, o advento mais constante da fotografia, um marketing mais competitivo e as mudanças do sistema de capital, incluindo seu contraste: as crises financeiras e uma rotatividade maior de lucros em outros setores. Enfim, o mercado editorial se adapta e se modifica. Hockney não crê, entretanto, que essas mudanças justifiquem a queda da qualidade do desenho de moda e salienta que não é a fotografia que preencheria o espaço, pois, a fórmula na fotografia é repetitiva em todas as edições: mesma luz, mesma pose, mesma preparação, mesma maquiagem e mesmo perfil de modelos. Sabemos que continua assim e torna se algo aborrecido. Esta lacuna continuaria aberta e o deleite que a boa ilustração provoca continuaria, se insistissem a usufruir das mesmas em suas aplicações nas publicações. O desenho de moda é dotado de um poder cativante que envolve todo o senso do leitor e comunica se além do que ser simplesmente um item específico da moda. Traz em si os valores da arte reconhecidos por uma poética da imagem e pelo emprego das técnicas de ilustração, ao mesmo tempo não se analisa sob os aspectos convencionais da arte uma vez que está estreitamente atuante no campo de uma função objetiva. Os ilustradores que atuavam nas revistas até a primeira metade do séc.XX eram antes de tudo artistas especializados em desenho primeiro e depois artista de moda. A crítica do artista perpassa no intuito de apelar para que, quem deseja trabalhar com o desenho de moda não empobreça o tema simplificando a maneira da representação, sendo assim o estudo do desenho a maior prioridade.