segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Desenho e Corpo - Simbiose possível
Uma observação me vem ao assistir aos desfiles das semanas de moda neste inverno 2010 no Rio e São Paulo e no preview de BH. Há uma busca radical pelo bom desempenho da roupa (o corte e a costura com os aviamentos). Esta perseguição representa de certa forma um amadurecimento dos fabricantes neste período onde, no Brasil germina uma concepção de cultura de moda, digo cultura além do consumo. Nos desfiles há uma leitura bastante interessante do projeto da coleção e projeto refere se ao montante que vigora em seis meses de lojas e vendas, onde a produção é muito maior que a passarela. Nesta espécie de “briefing” visual sinto que a técnica rege a favor e os criadores tentam e conseguem transpor do desenho a uma materialidade. O desenho que aceita tudo, mostra neste momento que é possível sua tridimensionalidade. É quase uma figura de avatar, pois não é natural, entretanto existe e cai à frente dos consumidores que vão se moldando conforme a graça desta aceitação. Claro que é só uma leitura das possibilidades e em tempos de virtualidade isso progride. Pode ser este o embrião de um paradigma para uma marca da segunda década do século XXI. No desfile da Fórum vi tudo isso de forma mais clara: detalhes em tons de pele, recortes pelo corpo e nas roupas, uma geometrização construtiva rigorosa, uma simbiose do ser urbano. Esta herança fica mais clara nos estilistas de São Paulo como Glória Coelho e Reinaldo Lourenço, influência pois de um concretismo, também buscado pela Maria Bonita. Mas há sim este efeito vetorial desta época de profunda relação entre máquinas e homens e seres replicantes.
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