sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Fotografia e desenho de moda - diálogo


Desde o advento da fotografia a questão da reprodutibilidade se multiplica e quando a fotografia chegou ao nível mais ordinário de técnica e impressão, paulatinamente as revistas de moda dedicaram seu espaço a isso, e os desenhistas então, lá pelos anos 80 foram sendo substituídos e até esquecidos. David Hockney, o célebre artista plástico britânico escreveu no prefácio do livro “Fashion Drawing in Vogue” sobre isso e segundo a opinião dele as capas tornaram se iguais pela fotografia, mas o desenhista também perdeu um pouco do seu glamour nos anos 80 e claro associa-se a isso a rapidez entre a fotografia e a impressão, juntamente às notas das celebridades ocupando o espaço e questões publicitárias que viabilizam as publicações das revistas. Bem, quase 30 anos depois a ilustração volta a ter um status mais sólido dentro da imagem da moda. Confere se a isso um certo valor de arte requisitado pela área do vestuário e por outro lado a necessidade de mudar um pouco as limitações fotográficas, digo limitações por que há uma certa equivalência em termos estéticos entre os fotógrafos e o objeto a ser exposto, no caso a moda. Se por um lado há ousadia, esta ousadia banalizou se. A arte da fotografia às vezes está atrás da top model clicada. O que aparece neste fim dos anos 2000 é uma estética com tratamento de imagem virtual, em todo editorial há sempre o crédito do ‘tratamento da imagem’ e junto a isso as poses tornaram se mais anti-naturais, com exageradas torções do corpo, fusão entre corpo e espaço, às vezes um realismo fantástico e qualquer outro recurso que torna a fotografia cheia de adereços a vender ideologias. Nestes termos vejo outra simbiose: a fotografia é muitas das vezes uma representação do desenho ou seja: poses e vestuário tão próximos que muitas vezes a silhueta parece escultórica e bidimensionalizada e é apenas mais uma face de tempos de mudanças de paradigmas. Em 1963 o artista Jack Hamm lança um livro para o ensino do desenho e nele há já este registro entre o que é “certo e errado” em se tratando de poses de desenhos, ou seja há para ele e seus seguidores um juízo de que o exagero da maneira de posar não é correto ou não é natural. Mas ao abrirmos uma revista hoje vemos esta mistura das áreas: fotografia, desenho e passarela na nova estética da velha moda.

2 comentários:

PB disse...

Acho que está rolando uma coisa bacana nas revistas que é o mix entre foto e ilustração. Tenho visto uns editoriais bem bonitos assim. Deve ser a nova modernidade...

Paulandre disse...

Sim, isso são as interações deste tempo, entre outras...